"Beba-me"
Na obra Beba-me, Erikson transforma o gesto cotidiano de oferecer um café em um ritual de convite à intimidade. O conjunto cerâmico carrega alças que remetem a partes do corpo do próprio artista: um nariz e uma orelha. Fragmentos de um autorretrato que se desdobra, não na superfície do rosto, mas nos detalhes do contato.
O convite ao café, comumente visto como sinal de acolhimento, torna-se aqui um chamado a ultrapassar o visível. Convida o outro a senti-lo por dentro. Ao tornar-se recipiente, Erikson propõe uma atitude sensível: que o outro não o consuma apenas com os olhos, mas o prove com atenção, escute, beba-o.
Como um homem afro-indígena constantemente atravessado por olhares que o caricaturam ou exotizam, o artista responde com uma proposta de comunhão. Beba-me tensiona a fronteira entre o que se vê e o que se é. É o desejo de que os vínculos se construam a partir da escuta, da história, da subjetividade — e não do fetichismo ou dos generalismos.
A escolha da terra sigillata — conhecida por sua tonalidade avermelhada — serve de substrato poético ao conceito. O vermelho do material ecoa o tom da pele do artista, criando uma ponte entre corpo e objeto. Além disso, historicamente, esse material foi amplamente utilizado no Império Romano na produção de recipientes de cerâmica utilitários ou não, e seu nome provém do latim sigillata, que remete a algo selado, marcado, gravado — já que recipientes feitos com essa técnica muitas vezes traziam inscrições e símbolos que comunicavam mensagens, nomes ou conteúdos. Ao adotar essa matéria, Erikson evoca a tradição ancestral de usar o barro como superfície de expressão, mas desloca o foco da escrita para o gesto. O corpo moldado se torna, aqui, a própria mensagem.
eu, casa. 2021
tinta à óleo sobre tijolo
19 x 19 x 9 cm
Na obra Beba-me, Erikson transforma o gesto cotidiano de oferecer um café em um ritual de convite à intimidade. O conjunto cerâmico carrega alças que remetem a partes do corpo do próprio artista: um nariz e uma orelha. Fragmentos de um autorretrato que se desdobra, não na superfície do rosto, mas nos detalhes do contato.
O convite ao café, comumente visto como sinal de acolhimento, torna-se aqui um chamado a ultrapassar o visível. Convida o outro a senti-lo por dentro. Ao tornar-se recipiente, Erikson propõe uma atitude sensível: que o outro não o consuma apenas com os olhos, mas o prove com atenção, escute, beba-o.
Como um homem afro-indígena constantemente atravessado por olhares que o caricaturam ou exotizam, o artista responde com uma proposta de comunhão. Beba-me tensiona a fronteira entre o que se vê e o que se é. É o desejo de que os vínculos se construam a partir da escuta, da história, da subjetividade — e não do fetichismo ou dos generalismos.
A escolha da terra sigillata — conhecida por sua tonalidade avermelhada — serve de substrato poético ao conceito. O vermelho do material ecoa o tom da pele do artista, criando uma ponte entre corpo e objeto. Além disso, historicamente, esse material foi amplamente utilizado no Império Romano na produção de recipientes de cerâmica utilitários ou não, e seu nome provém do latim sigillata, que remete a algo selado, marcado, gravado — já que recipientes feitos com essa técnica muitas vezes traziam inscrições e símbolos que comunicavam mensagens, nomes ou conteúdos. Ao adotar essa matéria, Erikson evoca a tradição ancestral de usar o barro como superfície de expressão, mas desloca o foco da escrita para o gesto. O corpo moldado se torna, aqui, a própria mensagem.