Ibirapitanga, 2025
Gravura em metal sobre papel vergê
21 x 29,7 cm
Impressões de folhas de uma árvore de Pau-Brasil.
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“Ibirapitanga”, nome em tupi para a árvore do pau-brasil, que significa “madeira vermelha”, é uma obra feita a partir dos próprios fragmentos da árvore que nomeia este país. Utilizei folhas e cascas do pau-brasil para compor uma nova leitura da bandeira do Brasil, substituindo as cores clássicas por texturas orgânicas. Onde antes havia o verde, agora estão as nervuras das folhas; no lugar do losango amarelo, a textura da casca; e no círculo central, novamente, as folhas.
Esses materiais tensionam os símbolos nacionais e as narrativas que eles sustentam. A árvore que deu nome ao país carrega a história da pilhagem colonial. Seu corpo é memória da transformação de territórios, saberes e vidas em mercadoria. Ao sobrepor esses fragmentos à imagem da bandeira, a obra confronta estruturas coloniais ainda operantes nos discursos de nação e pertencimento.
A gravura em metal, na técnica de verniz mole, permite que as folhas e cascas deixem marcas físicas na matriz. Após serem prensadas contra a placa, a imagem é fixada com ácido. O gesto imprime, arquiva, denuncia. A própria árvore se faz documento e afirmação. Entre as nervuras, grafias da natureza brasileira insistem em se expressar, mesmo silenciadas.
“Ibirapitanga” propõe um embate entre símbolo nacional e matéria violentamente extraída da paisagem. Ao forçar esse encontro, a obra reinscreve uma história que persiste, mesmo diante da tentativa de apagamento.
Detalhes da obra




Processo:



