erikson veríssimo

difrair, 2025

acrílica sobre tela

60 x 49 cm

Histórico: – 4º Festival Vórtice. São Paulo (SP)

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“Difrair” é um verbo inventado pelo artista, uma licença poética que vem do fenômeno da difração da luz, que ocorre quando ela encontra um obstáculo e, em vez de parar, contorna, se curva, se espalha. Difrair é espalhar luz, ultrapassar barreiras.

Na imagem, um casal de homens negros se beija por trás de um vidro canelado que fragmenta seus corpos e espalha seus contornos, como se o afeto deles virasse feixes de luz.

Na frente há uma grade de ferro comum em portas e janelas do subúrbio do Rio, algo que lembra infância, casa e cotidiano íntimo. Mas aqui a grade não prende, ela protege. É uma moldura sagrada que carrega o símbolo Sankofa.

Sankofa, símbolo adinkra, aparece em muitos portões do Rio como herança africana que resiste. Ele ensina que é preciso olhar para trás, buscar o que pulsa no passado para criar o futuro. Essa grade vira elo entre o que já fomos, o que somos e o que podemos ser.

Gostaria de ter tido essa referência, essa conexão com a memória e a ancestralidade. A pintura é uma memória inventada, uma prece por dias melhores.

A obra fala de afeto, desejo, diversidade e luz.

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Abaixo, alguns registros da exposição 4º Festival Vórtice. São Paulo (SP). junho 2025