Eu, casa

Produzida durante o isolamento social imposto pela pandemia de 2021, “eu, casa” é uma pintura a óleo realizada sobre um tijolo cerâmico. A escolha do suporte, por si só, carrega uma carga simbólica importante: o tijolo como unidade de construção, elemento estrutural que, em conjunto, dá forma ao abrigo, à morada, ao lar.
O artista se retrata nu, pincel em mãos, pintando o próprio corpo — um gesto que tensiona os limites entre criação e identidade, entre o fazer artístico e a reconstrução de si. A imagem sugere um processo contínuo de autoconstrução, realizado em isolamento, mas com o olhar voltado à ideia de pertencimento. A casa, aqui, não é um espaço físico, mas uma metáfora da subjetividade: ser sua própria morada, reconhecer-se como território possível.
A obra reflete uma inquietação sobre o lugar que o sujeito ocupa no mundo: onde sua presença faz falta? Onde é possível se encaixar para construir algo que vá além de si? Nesse sentido, o tijolo funciona também como alegoria da coletividade — é no encontro com o outro, no encaixe entre diferentes, que se constrói algo maior.
Histórico da obra:
– Exposição coletiva “Coro” com curadoria de Elisa de Magalhães no Centro Cultural Municipal de Artes Hélio Oiticica. (2024)

