“Paz” trata-se de um autorretrato onde a fisionomia do artista se torna um território em conflito: os traços aparecem em meio ao caos, à mistura, à sobreposição.
A tinta não é aplicada com pinceladas; ela é depositada, gota por gota, camada por camada, num gesto repetitivo e insistente que transforma a superfície em corpo explorando o caráter escultórico da pintura, como se o rosto não fosse pintado, mas esculpido em cor.
A escolha do título carrega ironia, negação e desejo ao mesmo tempo. No centro do trabalho está um sentimento difícil de nomear, que escapa às palavras e se materializa em forma e gesto, um momento de desordem interna, de opressão subjetiva. A obra é, por fim, um modo de tornar visível o que, naquele momento, parecia impossível de comunicar.