"A entrega"

“Último instante” é um autorretrato que se ancora na instabilidade do tempo. O que se vê é um rosto como aparição — algo que se manifesta por um segundo, antes de desaparecer. O retrato não afirma, ele hesita. Há uma suspensão, como se tudo estivesse prestes a se desfazer, assim como é no espelho, onde a imagem não se fixa.
A imagem parece querer fixar um momento que escapa, como quem tenta segurar a própria presença antes de sumir. O autorretrato aqui não busca capturar uma verdade sobre o eu, mas materializar o momento de reconhecimento de si mesmo.
A obra se expande na incompletude e no prolongamento do que era para de ser efêmero, na sugestão de que o que está ali não está por inteiro. E talvez nunca esteja.